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A dor de perder um gato

Este post é um desabafo, uma carta pra minha gatinha e também uma forma de confortar quem está passando pela mesma situação.

Não tenho dicas de como superar a morte de um gato, mas se você tiver eu aceito.


Olívia é o nome desse solzinho que com 7 anos e 8 meses nos deixou de forma avassaladora.

Ela não deu sinais de que estava com algum problema de saúde e quando percebemos algo bem sucinto (perda de apetite), levamos ao veterinário mas já era sério demais. Tentamos todos os tratamentos possíveis mas nada deu certo e no dia 13 de novembro de 2021, as 23:19h, ela se foi.


A sensação é de que arrancaram um pedaço de mim.


A Olívia á uma parte enorme da minha família e esteve comigo desde os meus 23 anos. Junto com a irmã Balu, foi a primeira gata que peguei pra mim mesma.


Ela acompanhou toda a minha segunda faculdade, estava lá antes de eu me tornar feminista, antes de eu me tornar vegetariana - e depois vegana, estava antes, durante e depois do meu câncer e acompanhou minha mudança pra uma casa nova.

E, além dos momentos importantes ela fazia parte de quase todos os pequenos acontecimentos do meu dia a dia dentro de casa.



Ela sempre estava lá.

Em quase todas as vezes que cheguei triste de algum lugar ela ficava no meu colo. Ficava perto enquanto eu cozinhava e nos momentos em que eu ia ler ou ver tv, lá estava ela encostadinha em mim. Quando eu fazia faxina ficava me olhando com cara de: "que porra você está fazendo?". Tão companheira que as vezes quando eu ia fazer cocô ela ficava no banheiro (haja coragem), e as vezes até no meu colo. São tantos momentos juntas... são todos os momentos em casa, junto com ela, que não tem como a dor ser diferente.


É uma companhia tão saudável, tão cheia de amor. É pura, sem interesse.

Não há palavras que possam sair da minha boca, que expressem uma dor tão grande.

É um abalo em toda a estrutura da nossa rotina.

E o mundo continua mundo e continua sendo e correndo e eu fiquei aqui, parada.



Dói no coração mas também dói no estômago, na barriga.

Dói no coração mas dói também de forma física.


E assim a vida vai andando.

Escrevo hoje exatamente 4 dias e meio depois da sua partida, entre lágrimas, fazendo cada coisa de uma vez e esperando pela volta da vida "normal".


Certa vez a Olívia me deu uma cicatriz na boca.

Ela levou um susto com algo que caiu no chão e que fez muito barulho e saiu correndo de medo, atravessou o quarto e subiu na cama diretamente com as patas no meu rosto. Foram quatro pontos: dois no lábio e dois entre a boca e o nariz. Agora tenho um risquinho em cima da boca que nunca imaginei que ia amar tanto.


Olívia, vulgo preta e outros nomes carinhosos, era tão boazinha que ia solta no carro comigo pro veterinário, nunca reclamou de nada e ronronava na hora das injeções. Sempre foi dorminhoca e comilona, acordava descabelada com um topetinho e tinha um bafo de morrer. Adorava conversar na hora do café da manhã e sempre respondia nossos chamados.



Quando queria se esconder corria pra baixo de uma samambaia e achava que estava invisível. Amava vir no colo e enfiar a cabeça entre meu ombro e pescoço e o ronron parecia um motorzinho, que era o melhor som pra dormir. Ficava em posições totalmente estranhas, que pareciam desconfortáveis, e dormia desse jeito mesmo.


Só por existir ela já era engraçada, o jeitinho de fazer as coisas... tão Olívia.


Acordava meio vesguinha e quando eu perguntava coisas que ela não queria responder olhava pro lado disfarçando. Adorava pegar um solzinho e dormir embaixo das cobertas, ou em cima de algum travesseiro com a fronha recém trocada. Na hora de lamber as patinhas sempre lambia puxando a unha e acho que ela mesma sentia cócegas e a patinha saía fazendo um movimento extremamente engraçado.



Espero ter retribuído todo o amor que recebi e todas alegrias que esse bichano me deu.


E aos pouquinhos estou mudando as pequenas coisas da casa: o potinho de comida dela foi tirado, a cobertinha que ela usou pela última vez, guardamos a caminha que só ela usava, troquei a roupa de cama favorita dela... e assim está sendo.


Nos primeiros dias minha mãe trouxe comida, os amigos mandaram mensagens, revi fotos e vídeos dela. E agora mais do que tudo sinto muita muita saudade.


Gatos são nossos maiores confidentes. Eles sabem quais são as nossas virtudes e conhecem nosso lado mais feio. E sabem todos os nossos segredos.


Obrigada Olívia, por ter dividido esses 7 anos e alguns quebrados comigo.

Você é meu amor.





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